“Vamos continuar a querer captar novos franchisados, deixando um pouco o tradicional.”
Com uma experiência de 10 anos no ramo da lavagem de automóveis sem água, Pedro Novo, responsável pela Atlantic Car Wash, explica-nos como surgiu esta ideia 100% sustentável e amiga do ambiente.
Depois de um período de estagnação com a pandemia da covid-19, estão hoje mais do que prontos para continuar a abrir pontos estratégicos pelo país.
Há quanto tempo estão no mercado e como é que surgiu a ideia de lavar o automóvel sem água? Está interligado com a poupança deste bem essencial?
Nós começámos este projeto em 2012, e tivemos os primeiros dois anos, de 2012 a 2014, com unidades próprias para perceber se o conceito funcionava e as pessoas aderiam. Depois de abrirmos 7 unidades próprias e percebemos que o conceito funcionava, decidimos, em 2014, iniciar o processo de franchising, com sede no Porto e depois abrimos em Lisboa, Coimbra, Braga, Setubal, Faro. Chegámos a 30 pontos espalhados pelo país, portanto, a maior rede a nível nacional de lavagem sem água, porque na altura era uma novidade. Foi algo que foi construído ao longo dos anos, de 2014 a 2020 chegámos a ter 30 franchisados a nível nacional.
A ideia de lavar o carro sem água é e continua a ser um mito para muitos clientes, alguns ainda perguntam se lavar o carro sem água não risca, mas não. Este conceito surgiu no âmbito não só da poupança da água, mas também da sustentabilidade. Era e é uma preocupação para as empresas.
Para além dos centros de lavagem físicos, também têm o serviço móvel… Como é que funciona?
Sim, a Atlantic Car Wash não tem só o centro físico tradicional. Como a lavagem é sem água, permite-nos ter os serviços móveis que se deslocam às empresas, para lavar as viaturas, ou mesmo a condomínios e a casas de clientes particulares.
Sente que a pandemia foi um entrave no que toca à expansão da empresa?
Correu tudo lindamente até ao início da pandemia, em 2020, e o que acontece é que muitos dos shoppings fecham, as lojas fecham e foi inevitável alguns dos franchisados não aguentarem, porque os próprios shoppings e parques de estacionamento exigiam na mesma as rendas. Foi muito difícil comportar as duas coisas e acabámos por perder alguns franchisados – quando digo perder, perder alguns pontos de venda e alguns centros de lavagem que tínhamos a nível nacional. No entanto, nessa altura de pandemia fizemos uma parceria com as oficinas da Feu Vert e os franchisados que estariam, por exemplo, em Portimão, ou em Sintra, deslocaram-se para as lojas das oficinas – que estavam abertas durante o período do confinamento – e continuamos até hoje com esses serviços.
Naturalmente, que isto evoluiu um bocadinho com as medidas que foram havendo de atenuar o “fim” da pandemia. No ano passado, 2021, já correu melhor em termos de negócio e começámos a detetar a necessidade de oferecer serviços mais rápidos e a procura crescente pelos móveis, uma vez que as pessoas agora vão às lojas e não estão tanto tempo nos estabelecimentos como estavam antes.
A nossa estratégia adaptou-se ao mercado, mesmo a nível do franchisado. Começámos a procurar mais franchisados para os serviços móveis e percebemos que tem de ser essa a nossa tendência porque a procura aumentou.
Quantos centros de lavagem automóvel têm no país?
Neste momento, só temos uma unidade própria e cerca de 25 lojas a nível nacional. Já assinámos um acordo com uma outra rede da área automóvel ligada às oficinas e a ideia é montarmos um “corner Atlantic Car Wash” para os nossos serviços dentro destas lojas/oficinas, que nos irá permitir aumentar a capilaridade em termos de localização geográfica.
Serão cerca de 80 [lojas], mas que iremos fazendo gradualmente. Nos próximos dias iniciaremos a abertura, já com 12 “corners”, junto com essa rede de lojas e assim sucessivamente, o que vai permitir que estejamos quase em todos os pontos do país, incluindo as ilhas.
Nós alteramos a nossa estratégia, porque a ideia era ter um franchisado em vários locais. Vamos continuar a querer captar novos franchisados, mas mais numa ótica de serviços móveis, deixando um pouco o tradicional, e dar mais comodidade e procurarmos nós o cliente numa atitude mais proativa de ir ao local. Quando o cliente quiser, nós estaremos lá. Isso já nos está a acontecer com grandes empresas onde temos dias fixos para prestar o serviço
A procura e onde queríamos estar neste momento será sempre em qualquer local desde que o franchisado esteja disposto a fazer este serviço móvel. Não quer dizer que não vamos continuar a abrir em espaços fixos, até porque o continuamos a fazer, desde que haja sítios estratégicos, com população e fluxo que permita a rotatividade das viaturas, nós estaremos interessados.
Como é que alguém pode ter acesso ao franchising e que requisitos deve ter?
Para abrir a franquia, nós fazemos chave na mão. Gostamos sempre de reunir com o franchisado para o conhecer, perceber se fala a mesma linguagem que nós, que perspetivas tem do negócio, quais são os objetivos, entre outros.
Nós ajudamos no início para que possa procurar um local que seja bom, e temos vários casos em que recusamos porque achamos que não vai resultar para o franchisado. Para além da formação, nós fornecemos todo o equipamento, produtos para iniciar a sua atividade, o sistema informático e a decoração do espaço e depois o apoio no decorrer da atividade.
Neste momento, como queremos continuar a expandir a marca, estamos a isentar a taxa de royalities, isto para também beneficiar um pouco o franchisado nesta altura. A única obrigatoriedade que eles terão é de cumprir os requisitos da marca e da rede, assim como a compra dos produtos.
Usam produtos certificados na Atlantic Car Wash?
Sim. Acho que somos a única marca no momento que tem os produtos registados e certificados. Nós participamos em vários concursos públicos e temos notado isso com os outros concorrentes.
Os nossos produtos são certificados pela ISO 9001, ISO 14001, têm atestado de biodegradabilidade e depois temos os desinfetantes – que em virtude da pandemia também estão a ser utilizados para a desinfeção das viaturas – que estão registados na Direção Geral de Saúde.
Temos esta preocupação e queremos continuar a ter esta qualidade, por isso é que exigimos também que os franchisados mantenham esses mesmos produtos.
Qual é o investimento e qual é o tempo médio de retorno do investimento inicial?
O investimento varia se é móvel ou é fixo. O fixo ronda os 10 mil euros e o móvel os 7500 euros. Como disse, está isento de royalities e da taxa de publicidade, que é usual nas franquias. Nós fazemos a publicidade a nível nacional e os franchisados podem fazê-lo localmente.
Em termos de investimento, vai depender muito da procura, mas o que temos estimado – e mandamos um pequeno simulador para o franchisado também ver quais são as suas perspetivas do negócio no local em que está inserido – é que com 5/6 lavagens por dia tem um retorno do investimento em 8/9 meses. Sendo que logo no primeiro mês terá resultados operacionais positivos.
Estamos no mercado há 10 anos, portanto, já fizemos vários testes. Claro que temos operações que correram menos bem, mas no geral conseguimos comprovar que este conceito funciona. Tal como muitos outros negócios, o problema com os recursos humanos – se não acertamos com a equipa é dificil. Por isso é que, por vezes, o investimento não é recuperado nos 8/9 meses que nós estimamos, por haver uma rotatividade muito grande do pessoal nos primeiros meses. Este é, como se costuma dizer, “o calcanhar de Aquiles” deste negócio, mas infelizmente acontece a nível geral nos vários setores de atividade.
Não obstante, todos os franchisados que temos em que são eles o próprio trabalhador, estão a funcionar lindamente e estão muito satisfeitos. Alguns deles até já têm mais do que uma zona.
O que vos destaca da concorrência?
Nós não temos muita concorrência. Temos um ou dois operadores que agora estão a fazer serviços, mas não têm os produtos certificados e a qualidade do serviço, acho que é isso que nos distingue. Sendo que fomos os primeiros a estar no mercado, temos algum know-how e um background que nos permite não cometer tantos erros.
Para muitos, lavar o carro sem água deve parecer um pouco estranho… Como funciona o processo?
Esta é uma questão mítica, que muita gente tem dúvidas, e ao fim de 10 anos ainda temos pessoas a quem falamos da lavagem sem água e que questionam como é possível.
Em vez da água, nós usamos ar comprimido, ou não, dependendo da sujidade da viatura. O carro é primeiro desengordurado para tirar, por exemplo, mosquitos, lamas ou poeiras, é limpo seguidamente com um produto à base de ceras com panos de microfibras próprios que suspendem a sujidade e limpam a viatura. Há 3 níveis de produtos para a chapa, que permitem dar mais ou menos brilho, é quase como um micropolimento da viatura, uma lavagem com mais detalhe, toda ela efetuada manualmente.
Claro que é preciso haver técnica, mas é um processo simples, que está mais que testado, e não temos qualquer tipo de reclamações. O carro não fica com riscos e notamos que fica melhor lavado em comparação a uma lavagem tradicional.
Como tem sido a adesão a esta alternativa ao longo dos anos?
No geral acho que se mantém, mas há uma maior procura e uma maior preocupação por parte das empresas. Existe de facto uma preocupação com a sustentabilidade do planeta e com esta questão da poupança da água, sendo que sentimos, uma maior procura por parte das médias e grandes empresas, bem como das autarquias – já fazemos a lavagem de frotas de algumas câmaras municipais.
Já em relação ao cliente particular, no geral, acho que ainda não há esse pensamento. A preocupação imediata é o de querer lavar o carro. Temos casos que o cliente deixa o carro para lavar e nem se apercebe que é sem água, sendo que no final quando levanta a viatura é que suscita algum interesse no facto de ter sido feita uma lavagem sem água.
Mas o que sentimos é que há clientes que numa primeira lavagem duvidam, mas que depois de lavarem uma primeira vez, fidelizamo-los.
Por que razão alguém deve abrir uma Atlantic Car Wash?
Na nossa opinião, é um negócio simples, com um investimento reduzido e com um retorno bastante rápido.
Salvaguardando sempre que a mais-valia deste negócio é a equipa. Se for o próprio franchisado a fazê-lo, vai funcionar bem, mas a partir do momento em que ele quer abrir mais postos, vai ter mesmo de arranjar uma equipa e já não depende só dele. É fundamental ter uma boa equipa, ter espírito empreendedor e, acima de tudo, ter vontade de trabalhar.